Antonio Dias Cardoso
ANTONIO DIAS CARDOSO
ORIGENS
São insuficientes os registros históricos sobre as origens do sargento-mor do terço de infantaria de Pernambuco Antonio Dias Cardoso, que se acredita ter nascido na cidade portuguesa do Porto, no início do século XVII, provavelmente no ano de 1600, vindo ainda criança com a família para o Brasil. Dos registros, consta apenas o nome de Baltasar Dias como seu pai, provavelmente ferreiro, assim como seu avô.
O SOLDADO
Em 7 de fevereiro de 1624 assentou praça como soldado na companhia do capitão Rui Calaza Borges, na Bahia, ascendendo a todas as graduações da hierarquia, atingindo em 1635 o posto de alferes.
Quando da invasão holandesa a Pernambuco, participou de inúmeros combates contra os invasores, compondo as famosas companhias de emboscadas. E, partindo do Arraial do Bom Jesus, realizou inúmeros ataques de surpresa. Lutou com galhardia nos arredores de Recife (Salinas, Afogados, Barreta e Olinda), levando a morte e a insegurança aos holandeses.
Foi o arquiteto e o condutor militar da “célula mater” do Exército Brasileiro nas memoráveis batalhas de Monte das Tabocas e Casa Forte. Batalhas essas, por ele vencidas, que abriram a campanha da Restauração e mostraram a Pernambuco, Bahia e Portugal, a viabilidade militar da expulsão dos holandeses à base de guerrilhas.
No deslocamento de Matias de Albuquerque para Alagoas, após a queda do Arraial do Bom Jesus e de Nazaré, Dias Cardoso foi elemento de fundamental importância na vanguarda patriota, servindo de guia e de proteção militar. Ao atingirem Serinhaém, Matias de Albuquerque, o promoveu a alferes, após onze anos de relevantes serviços prestados nas Companhias de Emboscadas. Teve, ainda, brilhante atuação no ataque, no cerco e na rendição de Porto Calvo.
Em 1636, quando sua companhia foi extinta, ingressou na companhia do capitão Sebastião Souto, o mais audacioso, temível e intrépido comandante de Companhia de Emboscadas e de ataques de surpresa. Na segunda tentativa de invasão a Salvador (1638), na trincheira de Santo Antonio, Dias Cardoso, após a morte do capitão Sebastião Souto, assumiu o comando da Companhia.
Novamente os holandeses são expulsos e sua companhia é desativada, ingressando no terço do capitão André Vidal de Negreiros, como ajudante.
Em 1640, após cumprir missão de reconhecimento, pelo mar, em Recife foi promovido a capitão, momento em que recebeu a missão do governador geral do Brasil, por indicação de Vidal de Negreiros, para deslocar-se até o interior pernambucano, a fim de apresentar-se a Fernandes Vieira, como sargento-mor (major), para organizar o “EXÉRCITO DA RESTAURAÇÃO PERNAMBUCANA”, na condição de “GOVERNADOR DAS ARMAS”.
Após seis meses de arregimentação, treinamento e preparação ao Sul do Rio Jaboatão, os patriotas estavam prontos para o primeiro grande combate contra os hereges batavos, só faltava a chegada dos terços de André Vidal de Negreiros, de Henrique Dias e de Felipe Camarão.
No Monte das Tabocas, em 03 de agosto de 1645 foi selado o triste destino holandês, confirmado nove anos depois na Campina do Taborda.
O comando do terço patriota de 1.200 homens coube a João Fernandes Vieira, o qual ficou com a reserva na parte mais alta da elevação e a Dias Cardoso (seu ajudante) coube a condução das operações, por ser militar experiente. Assim, pode aplicar seus conhecimentos táticos de quinze anos de combate: a surpresa, a velocidade, a iniciativa, a coragem, a coordenação, o aproveitamento judicioso do terreno e o violento combate corpo a corpo a espada.
Nessa batalha, os holandeses foram massacrados literalmente. E os patriotas enriquecidos pela vitória e pelo equipamento, armamento e munição abandonada pelo inimigo no campo de batalha.
Em Tamandaré desembarcaram os regimentos de André Vidal de Negreiros e de Martim Soares Moreno e dirigiram-se para Ipojuca e Pontal de Nazaré, respectivamente.
Dias Cardoso foi o único comandante a penetrar no recinto fortificado do Pontal e o seu comandante Dirk Van Hoogrtraten se rendeu, negociou, aderiu à causa patriota e entregou a fortaleza, que passou a ser a porta de entrada do apoio vindo da Bahia para os insurretos.
Os insurretos de Tabocas, em Santo Antonio do Cabo juntam-se aos terços dos brancos de Vidal de Negreiros, aos negros de Henrique Dias e aos índios de Felipe Camarão e seguem para Casa Forte. Em 17 de agosto do mesmo ano, caiu Casa Forte e seguiram para a Vila da Conceição, na ilha de Itamaracá.
Em junho de 1646, ao lado de Vieira e de Vidal de Negreiros, tomou parte da ação que culminou com o aprisionamento de três embarcações flamengas fundeadas entre Itamaracá e o continente, o que ocasionou o abandono holandês da “Cidadezinha de Schoppe”, na referida ilha.
Em 15 de outubro de 1647, foi iniciada a construção do Forte Arraial Novo do Bom Jesus, cuja planta foi desenhada pelo holandês Dirck Van Hoogrtraten de forma quadrada com dois baluartes, recebendo, de Dias Cardoso, 18 peças de artilharia conquistadas doinimigo, nos combates da ilha de Itamaracá.
Na primeira batalha dos Guararapes, coube-lhe papel de destaque e decisivo, na qualidade de sargento-mor do terço de Fernandes Vieira, atraindo as tropas holandesas, para o Boqueirão e para o ataque principal patriota.
Em missão na Paraíba, com a finalidade de distrair o inimigo e destruir suas plantações e suas tropas de gado, Dias Cardoso, regressou com inúmeros prisioneiros e com grande quantidade de armamentos e suprimentos.
Na segunda batalha (19 Fev 1649), Dias Cardoso atuou independentemente, comandando a chamada "Tropa Especial", forte de 550 homens que destrocaram toda a ala direita inimiga.
Na fase final da guerra, Dias Cardoso se ocupa do comando de operações que culminaram com a queda, no Recife, do Forte São Tiago e do Reduto Amália.
Em 4 de fevereiro de 1655, Dias Cardoso foi homenageado como Cavaleiro da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo e, em 12 do mesmo mês, foi designado para comandar o terço de João Fernandes Vieira, enquanto este governasse a Paraíba.
Em 12 de maio de 1656 foi nomeado mestre de campo, após trinta e dois anos de excepcional carreira militar iniciada como soldado.
Tudo indica que sua última expedição militar foi contra os quilombos negros dos Palmares.
Dias Cardoso faleceu no Recife, provavelmente em setembro de 1670, com a idade aproximada de setenta anos, no comando do terço que fora de Fernandes Vieira, e de tão gloriosas tradições nas duas batalhas dos Guararapes.
A Dias Cardoso, foram atribuídos muitos títulos, além de contribuinte da formação da nacionalidade e da manutenção da integridade do Brasil colonial: "Precursor do Exército Brasileiro", "Arquiteto Militar da Restauração Pernambucana", "O Vencedor da batalha do Monte das Tabocas", "O Mestre da Emboscada", "O Abastecedor do Exército Restaurado”, "A Espada da Restauração de Pernambuco", e "O Organizador e Primeiro comandante do Exército Brasileiro".
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