Patrono do Quadro Complementar de Oficiais
CADETE MARIA QUITÉRIA DE JESUS
ORIGENS
Maria Quitéria de Jesus, a mulher-soldado, nasceu em São José de Itapororocas, no ano de 1797, na antiga província da Bahia. No dia 27 de julho de 1798, tendo Maria seis anos de idade, Gonçalo Alves de Almeida e sua esposa Quitéria Maria de Jesus, pais de Maria Quitéria, foram à capela de São Vicente e, em presença dos padrinhos Antônio Gonçalves de Barros e sua irmã Josefa Maria de Jesus, batizaram Maria Quitéria pelas mãos do reverendo Manuel José de Jesus Maria.
A SOLDADO
Em 1822, sob o ideal de liberdade, o Recôncavo Baiano lutava contra o dominador português que se negava a reconhecer a Independência do Brasil. Nesse clima, surge a figura de Maria Quitéria. A necessidade de efetivos fez com que a Junta Conciliadora de Defesa, sediada em Cachoeira/BA, conclamasse os habitantes da região a se alistarem para combater os portugueses.
A jovem Maria Quitéria, uma humilde sertaneja baiana, ardendo de patriotismo, atendeu ao chamado, motivada pelos ideais de liberdade que envolviam seus conterrâneos. Pediu permissão a seu pai, que se negou a atender ao seu compulsivo desejo patriota de ingressar nas forças libertadoras do Brasil, na Bahia. Ante a posição contrária do pai, foge de casa e, com a cumplicidade de sua irmã e de seu cunhado de nome Medeiros, assentou praça como soldado. Incorporou-se inicialmente ao Corpo de Artilharia e, posteriormente, ao de Caçadores com o nome de Soldado Medeiros. O seu batismo de fogo ocorreu no combate na foz do rio Paraguaçu, ocasião em que ficaram evidenciados seu heroísmo invulgar e sua real identidade.
Em fins de 1822, a intrépida baiana, já com saiote tipo "highlander escocês" sobre o uniforme militar, incorpora-se ao Batalhão dos Voluntários de D. Pedro I, tornando-se, desse modo, oficialmente, a primeira mulher a assentar praça em uma unidade militar, em terras brasileiras.
De armas na mão, participando de combates como o da Pituba e o de Itapuã, a guerreira Maria Quitéria revelou bravura, valor e intrepidez, confirmados em elogios de seus superiores, e passou a constituir-se em referência do heroísmo da mulher brasileira.
Seu destaque em combate lhe valeu o recebimento das honras de 1º cadete de parte do comandante do Exército Imperial Nacional na Bahia, general Pedro Labatut, e a de integrar o grupo de emissários que levaram a notícia da libertação da Bahia a D. Pedro I, na Corte Imperial no Rio de Janeiro, onde foi cercada de muito respeito, em face da fama de sua coragem e da grande curiosidade decorrente das características de seu uniforme feminino.
No dia 20 de agosto de 1823, D. Pedro I confere à gloriosa guerreira a honra de recebê-la em audiência especial. Sabedor da bravura e da maneira correta com que sempre se portara entre a soldadesca, em um gesto de profunda admiração, concede-lhe o soldo de "alferes de linha" e a condecoração de "Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro", em reconhecimento à bravura e à coragem com que lutara contra os inimigos da Pátria.
Foi festejada com justos e honrosos apelidos: “A heroína da Independência do Brasil”, “A moça-cadete do Batalhão de Periquitos”, “A cadete da Independência”, “A mulher soldado do Brasil”, e até “A Joana D’Arc brasileira”. Depois de encerrada a guerra, a heroína recolheu-se ao silêncio do lar, falecendo no dia 21 de agosto de 1853, num "doloroso anonimato".
No ano centenário do falecimento da valorosa mulher-soldado, o então ministro da Guerra determinou, por intermédio do Aviso nº 408, de 11 de maio de 1953, que em todos os estabelecimentos, repartições e unidades do Exército, fosse inaugurado, no dia 21 de agosto de 1953, o retrato da insigne patriota.
Finalmente, em 28 de junho de 1996, Maria Quitéria de Jesus, por decreto do presidente da República, passou a ser reconhecida como patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.
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