Patrono do Quadro Auxiliar de Oficiais
TENENTE ANTÔNIO JOÃO
ORIGENS
Antônio João Ribeiro nasceu na vila de Poconé, na província de Mato Grosso, em 24 de novembro de 1823. Fruto da intensa miscigenação e dispersão dos grupos étnicos formadores do povo brasileiro, pouco se sabe de seus ascendentes, a não ser que é filho de Manuel Ribeiro de Brito e de Rita de Campos Maciel, conforme consta de sua Fé de Ofício, existente no Arquivo Histórico do Exército. Antônio João ingressou na Força, como soldado voluntário, em 6 de março de 1841, quando foi promovido, com apenas dezessete anos, a graduação de cabo no ano seguinte.
O SOLDADO
Forjou seu caráter e desenvolveu seu acentuado valor profissional no dia a dia da caserna, galgando todas as graduações. Como sargento, comandou o destacamento na fronteira do Distrito Militar do Baixo-Paraguai (1842-1844), na região sulina da província; esteve na Colônia Militar de Dourados, comandando o destacamento em 1848; depois serviu no Forte de Coimbra por pouco tempo, voltando ao destacamento da Colônia Militar de Dourados, em 1849, ali permanecendo até 1850.
Sempre demonstrando pendores pela carreira das armas, teve permissão para cursar a Escola Militar. Seguiu para o Rio de Janeiro, no Município Neutro da Corte e, como ouvinte, frequentou as aulas, sem que nos exames, ao final, pudesse obter aprovação para prosseguir a carreira. Regressou, em 1853, ao seu corpo de tropa.
No decorrer do ano de 1858, foi designado para servir junto ao distrito de Miranda, regressando, no ano seguinte, para comandar o destacamento de São Lourenço, do qual, logo a seguir, em 1860, se desligou. Pelos indiscutíveis méritos evidenciados ao longo da carreira, atingiu o oficialato, sendo promovido a primeiro tenente em 2 de dezembro daquele mesmo ano, e comissionado como comandante da Colônia Militar de Dourados.
Em 1862, novamente foi designado para diligências no distrito de Miranda, percorrendo as campinas do rio Apa; em seguida, assumiu o comando da Colônia Militar do Dourados, erguida nos altos da Serra de Maracaju, junto às vertentes do rio – sentinela do Império plantada para resguardar seus domínios e impedir o sequestro das famílias brasileiras que criavam gado na região.
Nunca o Império esperou qualquer invasão de seu território. Eis, no entanto, que, em certo dia do mês de dezembro de 1864, uma patrulha de cavalaria do pequeno destacamento trouxe a notícia ao comandante de uma coluna de 365 homens que subiu a serra com destino às cabeceiras do Dourados.
Antônio João, pressentindo o ataque da poderosa coluna em marcha, fez ver à pequena tropa ser impossível tolher o caminho dos invasores, em face da disparidade numérica e do poder de fogo. Tomara, incontinenti, deliberações, pondo a seguro as mulheres e as crianças e deixando os seus companheiros – aqueles que quisessem livres – para se refugiarem, pondo-se a salvo.
Liderando um punhado de destemidos, incluindo quatro civis e uma mulher, não se intimidou ante o assédio de um inimigo muito mais numeroso e melhor equipado. Enviou mensageiro com um bilhete para o comandante do Distrito Militar de Miranda e rejeitou, com altivez, a intimação para render-se, não se furtando ao embate desigual.
Dispôs seus comandados nos postos de combate e aguardou o ataque. Tombou sob o peso da fuzilaria de mais de 200 bocas de fogo. Faleceu em 29 de dezembro de 1864, defendendo heroicamente a Colônia Militar do Dourados, quando de arma na mão, e a dignidade no coração, de peito aberto e firme, foi ao encontro dos invasores da sua terra natal, com a certeza de que aquela seria sua última caminhada. A Pátria acabara de incorporar mais um bravo à sua galeria de heróis.
O comandante da força paraguaia, capitão Martin Urbieta, se surpreendeu com o comportamento do bravo tenente e dissera mais de uma vez que, se o soldado brasileiro fosse da têmpera daqueles bravos da Colônia Militar do Dourados, não seria fácil vencer a guerra. E não venceram.
A mensagem destinada ao comandante do Distrito Militar de Miranda era pequena no tamanho e grande no significado. Ela extravasava o inarredável sentimento do dever de um militar, expresso nas poucas palavras ali colocadas pelo bravo oficial: "Sei que morro, mas o meu sangue e o de meus companheiros servirão de protesto solene contra a invasão do solo de minha Pátria".
Em 20 de agosto de 1980, o Exército Brasileiro reconheceu seu valor e heroísmo e o elegeu, por meio do Decreto nº 85.097, patrono do Quadro Auxiliar de Oficiais.
Redes Sociais