Patrono do Serviço de Assistência Religiosa
FREI ORLANDO ANTÔNIO ÁLVARES DA SILVA
ORIGENS
Filho legítimo de Itagiba Alvares da Silva e Jovita Aurélia da Silva, nasceu em umpequeno povoado do interior de Minas Gerais, à margem direita do rio São Francisco, chamado Morada Nova, em 13 de fevereiro de 1913. Batizado, ganhou o nome de Antônio Álvares da Silva. Órfão de mãe com apenas um ano de idade, e de pai aos três, foi criado por uma família que prezava a religião católica. Depois da primeira comunhão, em 1920, passou a frequentar assiduamente o catecismo. Nele, revelou-se nitidamente o pendor para a vida clerical, o apreço pelas coisas da igreja e a compaixão pelos humildes. Foi assim que, tendo iniciado seus estudos em Divinópolis (MG), seguiu para a Holanda, local onde retornou para sua ordenação como sacerdote.
O SOLDADO
Em 24 de outubro de 1937, aos vinte e quatro anos de idade, recebia as ordens eclesiásticas o filho de Morada Nova. Ordenado frade, adotou frei Orlando como nome de fé. Foi para São João Del Rei, onde lecionou no Colégio de Santo Antônio, um estabelecimento de ensino dirigido pela Ordem dos Franciscanos Menores. Caridoso, o jovem padre instituiu a "Sopa dos Pobres", uma obra de assistência social que chegou a receber o apoio voluntário de muitos integrantes do 11º Regimento de Infantaria (11º RI). Nessa época, deparou com os preparativos da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para a Segunda Guerra Mundial, vendo a cidade em polvorosa com a chegada dos muitos convocados para integrar os contingentes da FEB.
Não se conformou em permanecer impassivelmente na cidade após ver o 11º RI partir. Pelas ruas da cidade, o discípulo de Assis se mostrava, agora, em desassossego. Seu pensamento era a guerra. Sua atenção estava toda ela inclinada para os preparativos que se processavam em todo o território nacional, para o embarque do nosso contingente.
Assim, quando o então comandante do Regimento, coronel Delmiro Pereira de Andrade, solicitou a indicação de um religioso para capelão militar ao Comissariado dos Franciscanos em São João del Rei, frei Orlando viu a oportunidade de concretizar um de seus mais acalentados sonhos: o de ser missionário sem fronteiras, ir a qualquer parte do
mundo para multiplicar os discípulos de Deus. Integrou-se, então, à FEB, e seguiu para a Europa. Seu primeiro trabalho foi celebrar uma missa na catedral de Pisa para os pracinhas brasileiros.
Às vésperas da Tomada de Monte Castelo, durante uma visita à linha de frente, frei Orlando foi vítima de uma fatalidade, morreu por um disparo acidental de um “partisan” (membro da Resistência italiana ao nazifascismo). Contava 32 anos de idade. O boletim n° 52, do 11º RI, de 22 de fevereiro de 1945, impresso em Docce, na Itália, assinado pelo comandante Delmiro Pereira de Andrade, registrou o passamento do capelão:
Foi recebida, com dolorosa surpresa, a notícia do falecimento do capelão capitão Antônio Alvares da Silva (frei Orlando), vítima de um tiro, quando se dirigia de Docce para Bombiana, a fim de levar sua assistência espiritual aos homens em posição, no dia 20, quando do ataque ao Monte Castelo. O sacerdote, que desapareceu da face da Terra, após ter servido com a sua pureza de sentimento à religião e à Pátria, deixa imensa saudade no seio da organização católica a que pertencia.
No 11º Regimento de Infantaria, como chefe da Capelania, conquistou a todos pelas qualidades apostolares. No teatro de operações, nos dias de maiores atividades bélicas, jamais deixou de levar o seu conforto espiritual ou o santo sacrifício da missa em qualquer circunstância, mostrando-se, além de religioso, um forte, um bravo, um verdadeiro soldado da Cruz de Cristo. Frei Orlando, que acaba de falecer em plena mocidade, alegre e sempre satisfeito, soube granjear um lugar em todos os corações daqueles que com ele conviveram e que ora sentem a separação eterna do seu pastor e do seu amigo. (PALHARES, 1982, p. 171, 172)
Finda a guerra, o governo brasileiro instituiu, por meio do Decreto 20.680, de 28 de fevereiro de 1946, frei Orlando, como patrono do Serviço de Assistência Religiosa do Exército (SAREx). O patrono do SAREx foi enterrado no cemitério brasileiro militar de Pistóia. Em dezembro de 1960, seus restos mortais foram trasladados para o Monumento Nacional aos Mortos na Segunda Guerra Mundial, na cidade do Rio de Janeiro.
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