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Patrono

Patrono da Arma de Engenharia

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TENENTE-CORONEL JOÃO CARLOS DE VILAGRAN CABRITA

 

ORIGENS

Nasceu a 30 de dezembro de 1820, na cidade de Montevidéu, na Banda Oriental do rio Uruguai, sob o nome de província da Cisplatina, integrante do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, desde 20 de janeiro de 1817. Era filho do major Francisco de Paula Avelar Cabrita e de D. Apolônia de Vilagran Cabrita, de origem castelhana. A separação política da Cisplatina do Império do Brasil, com o surgimento da República Oriental do Uruguai, determinou a migração da família Vilagran para a Corte no Rio de Janeiro.

O SOLDADO

Em 13 de janeiro de 1840, assentou praça no Exército Imperial, passando a gozar das vantagens que possuíam os filhos de militares naquela época. Em 5 de fevereiro desse mesmo ano, recebeu o título de cadete de 1ª classe.

Em 1º de março foi matriculado na Escola Militar da Corte, sendo declarado alferes-aluno em 2 de dezembro de 1842. Em 1844, já como 1º tenente, participou da missão de manutenção da lei e da ordem em Pernambuco. Retornando a cidade do Rio de Janeiro, onde concluiu a sua graduação em engenharia.

Em 1851 e 1852, agora como capitão, foi designado instrutor de artilharia na missão de instrução brasileira no Paraguai.

Em 1855, participou da criação e dos primeiros anos de implantação do Imperial Batalhão de Engenheiros, exercendo todas as funções privativas de capitão e major, na Fortaleza de São João e na Praia Vermelha, ambos localizados na cidade do Rio de Janeiro.

Em dezembro de 1864, apresentou-se para integrar Batalhão de Engenheiros na campanha contra Aguirre no Uruguai. Em 20 de fevereiro do ano seguinte, testemunhou a capitulação do ditador oriental, em sua terra natal.

A invasão do Mato Grosso e da Mesopotâmia argentina, sem declaração de guerra ou estado de beligerância, levaram a instituição do Tratado da Tríplice Aliança contra o governo de Solano Lopez, em 1º de maio de 1865.

O Batalhão de Engenheiros, em junho desse mesmo ano, tendo o tenente-coronel Villagran Cabrita como fiscal administrativo, partiu de seu quartel na Praia Vermelha para o Teatro de Operações do Sul, vindo a empenhar-se em sérios embates no final daquele ano.

A partir de 24 de julho de 1865, Villagran Cabrita assumiu interinamente, o comando de sua unidade e vivenciou as travessias do rio Mocoretá, de 27 a 29 de setembro, e do Mandisovi, em 30 daquele mês.

No dia 20 de outubro de 1865, em Mercedes, na Argentina, Villagran foi efetivado no comando e prosseguiu apoiando o Exército de Osorio na marcha para a fronteira guarani. Nesse mister, sua tropa reparou os precários caminhos e lançou meios flutuantes, na maioria das vezes improvisados, com finalidade de transpor, sucessivamente, o rio Corrientes e Santa Lúcia, em 3 e 25 de novembro, respectivamente. No dia 20 do mês seguinte, após o penoso deslocamento de 500 quilômetros, por caminhos intransitáveis e tempo inclemente, o Batalhão de Engenheiros acampou na região de Laguna Brava, a seis quilômetros a leste de Corrientes. Aí permaneceu por mais de cinquenta dias, sob as ordens do Marquês do Herval, com a missão de construir instalações para a tropa, um hospital, uma fábrica de cartuchos e cooperar na reunião de material para a transposição do rio Paraná.

Em 10 de fevereiro de 1866, Cabrita deslocou o Batalhão para a região de Talá Corá, distante 12 quilômetros, para ocupar uma zona de reunião final do material de engenharia, (ZRFME) mais próxima da margem do rio a ser transposto. Neste local, prosseguiu na reunião dos meios para a operação e iniciou a construção de quatro locais de embarque (trapiches) para a tropa e animais nos navios da esquadra.

A partir deste acampamento, Villagran realizou os reconhecimentos dos passos da Pátria, de Itapirú e de Itati, com o objetivo de colher dados sobre o terreno e assessorar o estudo de situação do comando aliado para a difícil e polêmica decisão quanto à escolha da frente de transposição e local de desembarque.

Àquela altura, o Passo da Pátria foi a área de travessia selecionada. Na margem paraguaia, o Forte de Itapiru pairava imponente e, do lado argentino, a imensa planície da província de Corrientes proporcionava excelentes posições de artilharia. Quase no meio do rio, na frente do forte, existia uma ilha circular (457 metros) – na verdade um banco de areia – coberta por vasto capinzal.

Villagran Cabrita desembarcou naquele local, na madrugada de 6 de abril de 1866, com seu batalhão de 900 homens, 4 canhões La Hitte e 4 morteiros, indo juntar-se ao 7º Corpo de Voluntários da Pátria (7º CVP), ao 14º Provisório de Infantaria e aos voluntários das províncias do Norte.

Os paraguaios foram surpreendidos, ao amanhecer o dia, vendo que a ilha estava ocupada e imediatamente, romperam fogo do Forte Itapiru sobre a ilha. O inimigo não se contentava com a ocupação da ilha, e continuou bombardeando e metralhando a tropa de Villagran durante todo o dia seguinte.

No dia 9 de abril, o general Osorio resolveu trocar a guarnição da ilha, em face de já ter passado quatro dias sem praticamente dormir sob artilharia inimiga. Contudo, Vilagran pediu para que a sua tropa não fosse substituída até a vitória final e se manteve na ilha.

No dia 10, os guaranis atacaram o banco de areia, às quatro horas da manhã, enviando uma força de 1.200 homens em 50 canoas. A missão era envolver a ilha pelos flancos e liquidar a guarnição.

Villagran, alertado por um dos vigias, subiu às trincheiras e logo entendeu o plano paraguaio. A terra foi regada com o sangue dos soldados inimigos que, apesar de terem combatido com uma tenacidade indômita, tiveram que recuar, muitos se jogando no rio vindo a se afogar, e outros galgando as canoas, que eram metralhadas pela nossa defesa.

Às seis horas da manhã, o combate estava concluído; os paraguaios deixaram no campo de batalha 640 mortos, além dos afogados e os que pereceram nas canoas, mortos pela esquadra brasileira. Os soldados brasileiros recolheram mais de 700 espingardas com numerosa munição, grande número de espadas e 14 canoas.

Declarada a vitória, houve no acampamento um contentamento geral, com brados de saudação e de júbilo. Villagran Cabrita e aqueles oficiais que mais se distinguiram foram vivamente aclamados e festejados pelos soldados, mesmo ainda ameaçados pelas baterias do Forte de Itapiru, subiam nas trincheiras e bradavam: VIVA A NAÇÃO BRASILEIRA!

O general Osorio mandou um emissário cumprimentar Villagran pela vitória. O combate fez o inimigo compreender que tinha de lutar com um povo forte e destemido. Foi uma das primeiras vitórias que lustraram as armas do Império do Brasil.

Aproximadamente às doze horas da manhã, uma granada disparada do Forte de Itapiru, penetrou na chata, colocada entre a ilha e o nosso acampamento, em que se encontrava o alferes Woolf, o tenente Carneiro da Cunha, o major Sampaio e o tenente-coronel Villagran Cabrita. Os dois primeiros ficaram mutilados enquanto que os dois últimos perderam a vida. O comandante do Batalhão de Engenheiros redigia inebriado de alegria, a ordem do dia que devia comemorar o feito que o imortalizara, quando pereceu instantaneamente.

Justas homenagens foram prestadas à memória do bravo combatente, destacando-se a concessão da insígnia de Cavaleiro da Ordem de Cristo pelo governo imperial. Entre outras, uma unidade do Exército Brasileiro, o 1º Batalhão de Engenharia de Combate – Batalhão Escola de Engenharia, sediado em Santa Cruz, no Rio de Janeiro/RJ, recebeu o glorioso nome de Villagran Cabrita e a honra de manter acesa a chama do heróico Batalhão de Engenheiros.

É por demais justa a escolha dessa figura imortal para o patronato da Arma de Engenharia, (Decreto 51.429, de 13 de março de 1962), cujo símbolo – o castelo lendário – perpetua o trabalho dos seus integrantes e abriga, como um templo, as tradições e os feitos do seu ilustre patrono.

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