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Patrono

Patrono da Arma de Infantaria

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BRIGADEIRO ANTÔNIO DE SAMPAIO

ORIGENS

Antônio de Sampaio, nasceu em 24 de maio de 1810, na Fazenda Vitor, situada na povoação de Tamboril, vale do rio Acaraú, 232 Km a sudoeste da cidade de Fortaleza, na então província do Ceará. Filho de Antônio Ferreira Sampaio, ferreiro de profissão, e de dona Antônia de Souza Araújo Chaves. Foi criado e educado pelos pais no ambiente simples dos sertões. Cedo, revelou interesse pela carreira militar, galgando postos por merecimento, graças a inúmeras demonstrações de bravura, tenacidade e inteligência.

O SOLDADO

Contava vinte anos de idade ao alistar-se voluntário nas fileiras do 22º Batalhão de Caçadores, na cidade de Fortaleza. Ainda naquela unidade cearense, meses após seu ingresso, cingia sua túnica com as divisas de furriel, graduação ora correspondente a 3º sargento. Em 4 de abril de 1832, recebeu o batismo de sangue, em combate travado nas ruas de Icó e S. Miguel, em que o major Francisco Xavier Tôrres derrotou a tropa do coronel Joaquim Pinto Madeira, contra a abdicação de D. Pedro I.

Sampaio teve atuação destacada na maioria das campanhas de manutenção da integridade territorial brasileira: Icó (CE), 1832; Cabanagem (PA), 1836; Balaiada (MA), 1838; Guerra dos Farrapos (RS), 1844-1845 e Praieira (PE), 1849-1850.

Chegou ao Rio Grande do Sul ao final da Revolução Farroupilha, onde, no comando de uma Companhia de Infantaria, estacionou quase três anos em Canguçu, como instrumento de consolidação da Paz de Ponche Verde. A seguir, Sampaio empenhou-se no comando sucessivo de Batalhões e Brigadas de Infantaria. Em pouco tempo, transformou-se num consumado condutor de homens, conhecedor profundo do terreno e mestre em adestrar e empregar a infantaria. Combateu na guerra contra Oribe e Rosas (1851-1852), quando participou da Batalha de Monte Caseros, como integrante da Divisão Brasileira. Comandou um Batalhão de Divisão de Observação que penetrou em Montevidéu em 7 de maio de 1859, a pedido do presidente oriental Venâncio Flores.

Na guerra contra Aguirre, teve atuação destacada à frente de uma Divisão, na conquista de Paissandu, o que lhe valeu sua promoção a brigadeiro.

Sobre ele e sua tropa, escreveu em Reminiscências da Campanha do Paraguai, Dionízio Cerqueira, o maior cronista deste conflito e que foi integrante da Divisão Encouraçada e subordinado de Sampaio:

A ideia de passar para a Infantaria não me abandonava. Esta arma exercia sobre mim indizível fascinação. Quando passava um daqueles belos batalhões da Divisão Sampaio, a Encouraçada, de bandeira desfraldada, os pelotões alinhados, guardando bem as distâncias, marchando airosos e elegantes, ao som alegre de um dobrado vibrante, não me podia conter, e punha-me a marcar passo... (p. 146) Fui apresentar-me ao general Sampaio. O ilustre general, glória do Exército pelo valor e amor à disciplina, estava uniformizado, debaixo de uma ramada, lendo uma história de Napoleão, seu capitão predileto. Quando me viu, fechou o livro, marcando-o com o indicador da mão esquerda. Adiantei-me, perfilei-me levando a mão à pala do boné e disse: - Pronto! Senhor general venho apresentar-me a V Exa por ter sido promovido para o 4º de infantaria. O velho soldado mirou-me de alto a baixo, e eu firme como uma estaca. Parecia ter simpatizado comigo, porque disse em tom afetuoso: - Estimo muito, senhor alferes. Apresente-se à
Brigada. Desejo que seja feliz. (p. 150)

Durante a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1865-1870), como oficial general, teve atuação destacada em todas as ações até Tuiutí, onde recebeu três ferimentos na data do seu aniversário, 24 de maio. O primeiro, por granada, gangrenou-lhe a coxa direita; os outros dois foram nas costas.

Em 6 de julho de 1866, depois de quarenta e três dias agonizantes, a bordo do vapor hospital Eponina, teve fim a trajetória do brilhante militar. Seu corpo chegou a Buenos Aires no dia seguinte a sua morte, sendo depositado, à noite, no Hospital de Sangue Brasileiro situado no extremo Sul daquela cidade. No outro dia, às 14 horas saiu seu enterro para o cemitério local, sob salvas da corveta Niterói e honras fúnebres, prestadas por uma força de infantaria argentina. Depois de três anos, em 20 de dezembro de 1869, os restos mortais do brigadeiro Sampaio chegaram ao Rio de Janeiro, indo diretamente para a capela do Arsenal de Guerra, de onde foi trasladado para a Igreja Bom Jesus da Coluna. Permaneceu sepultado até 25 de novembro de 1871. Depois dessa data, foi transferido no vapor Cruzeiro do Sul para Fortaleza/CE, sendo guardado em sua catedral, até que se concluísse a construção do seu mausoléu, no cemitério de São João Batista, em 25 de outubro de 1873.

Para eternizar os seus feitos foi erigido em 24 de maio de 1900, trinta e quatro anos depois da Batalha do Tuiuti e noventa do seu nascimento, na praça Castro Carreira, uma estátua de 10 m de altura, em mármore das pedreiras do Itapaí, no Serrote de Cantagalo.

Em 1928, na Escola Militar do Realengo, os alunos foram estimulados pelo instrutor, primeiro-tenente Humberto de Alencar Castello Branco, a escolherem o nome de Sampaio para patrono do batalhão de infantaria daquela escola de formação de oficiaisdo Exército. Dois anos depois, a turma de infantaria de 1930, da mesma escola, ampliou as homenagens, conferindo ao brigadeiro Sampaio o título de patrono da Infantaria Brasileira.

Exemplo de exponencial bravura, foi homologado patrono da Arma de Infantaria do Exército Brasileiro, pelo Decreto nº 51.429, de 13 de março de 1962. Arma em cujo seio se forjou e se destacou sobremodo como bravo e modelar líder de combate, instrutor e disciplinador, homem puro e patriota, inteiramente dedicado à vida militar.

Em 1966, seus restos mortais foram deslocados do cemitério São João Batista para a avenida Bezerra de Menezes, em frente ao quartel da 10ª Companhia de Guardas.

No dia da Arma de Infantaria, 24 de maio de 1967, foi emitido um selo comemorativo da efeméride do centenário da morte do brigadeiro Sampaio em Tuiuti, com sua efígie, e, sobre ela, três estrelas lembrando seus três ferimentos à bala, recebidos no campo de batalha.

Na época da Segunda Guerra Mundial, o nome de Sampaio foi usado na criação da Medalha Sangue do Brasil, destinado a contemplar os soldados brasileiros feridos em ação. Na comenda, existem também três estrelas esmaltadas em vermelho, lembrando os três ferimentos recebidos por Sampaio em Tuiuti.

A partir de 24 de maio de 1996, seus restos mortais foram finalmente depositados no pantheon em frente à Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção, na capital do Ceará, onde Sampaio ingressou voluntariamente como soldado nas fileiras do Exército Imperial, em 17 de junho de 1830, local que hoje abriga o Comando da 10ª Região Militar.

Como parte das comemorações do seu bicentenário de nascimento, o presidente da República sancionou a Lei nº 11.932, de 24 de abril de 2009, de iniciativa do Congresso Nacional, reconhecendo o seu valor, o que inscreve o seu nome no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia em Brasília.

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