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Patrono

Patrono da Arma de Cavalaria

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MARECHAL MANUEL LUIS OSORIO

 

ORIGENS

Em 10 de maio de 1808, nasceu na Vila Nossa Senhora da Conceição do Arroio, atual Município de Tramandaí (RS), o menino Manuel Luís Osorio. Filho de Ana Joaquina e de Manuel Luís da Silva Borges, um destacado e condecorado militar que lutou no Estado Oriental (atual Uruguai), nas guerras de 1811, e no período de 1816 a 1821. Desde cedo, Osorio já demonstrava muito interesse sobre as campanhas militares do pai, aprendeu a montar, saltar, domar e jogar o laço do campeiro rio-grandenses e as boleadeiras. Tornou-se um gaúcho de fato e foi tropear e pelejar pelos pampas, assim como pelas terras platinas.

O SOLDADO

A emancipação política do Brasil em 1822 fez com que Osorio, com pouco mais de quinze anos, assentasse praça, a primeiro de maio de 1823, na Cavalaria da Legião de Tropas Ligeiras de São Paulo, acompanhando o Regimento de seu pai na luta contra as tropas lusitanas do brigadeiro Dom Álvaro da Costa, estacionadas na Cisplatina, que não aceitavam a Independência do Brasil. Neste mesmo mês, aos treze dias, prestou seu solene compromisso de honra ao pavilhão imperial. Teve o seu batismo de fogo à margem do arroio Miguelete, nas proximidades de Montevidéu, em um combate contra a cavalaria portuguesa.

No ano de 1824, Osorio foi reconhecido como 1º cadete e nomeado alferes em 1º de dezembro do mesmo ano, deixando os voluntários da Cavalaria da Legião de Tropas Ligeiras para ingressar no Exército de 1ª Linha, no 3º Regimento de Cavalaria, sob o comando do coronel José Tomás da Silva. Aos dezessete anos de idade, Manuel Luís decidiu-se definitivamente pela carreira militar.

No período de 1825 a 1827, participou das campanhas da Cisplatina e das províncias Reunidas do Prata. No primeiro conflito, em 12 de outubro, junto ao arroio Sarandi, sob o comando de Bento Manuel, o alferes Osorio combateu os orientais à testa de seus lanceiros e se destacou por salvar a vida de seu comandante. Este feito ensejou o coronel Bento Manuel a declarar: “Hei de legar-lhe a minha lança, alferes, porque a levará aonde a tenho levado”. Essa arma branca pertence ao acervo histórico do 3º Regimento de Cavalaria de Guardas – “Regimento Osorio” – e é empunhada pelos seus comandantes em atividades festivas.

Na campanha contra as províncias Reunidas do Prata destacou-se, na batalha do Passo do Rosário, travada em 20 de fevereiro de 1827, quando seus lanceiros foram o único corpo de tropa brasileira que não foi desbaratado durante a batalha. Em outubro, foi promovido a tenente e participou das negociações de paz e reconhecimento da Independência da República Oriental do Uruguai, acompanhando o general Lécor.

Em 1835, o tenente Osorio estava servindo na Vila de Bagé, quando contraiu matrimônio com a senhora Francisca Fagundes, tendo como padrinho Emílio Mallet, que mais tarde lutaria a seu lado na Campanha da Tríplice Aliança. Ao mesmo tempo irrompia, no extremo Sul do Brasil, a Revolução Farroupilha que perdurou durante dez anos. Sempre foi fiel à integridade do Império e à segurança do trono do infante monarca. Fora de tenente a tenente-coronel no transcurso da guerra, auxiliando Caxias na feitura da paz ansiada, que se selou no dia festivo de 25 de fevereiro de 1845.

Terminada a guerra, o imperador D. Pedro II, ainda muito jovem, decidiu visitar a província do Rio Grande com a intenção de consolidar a paz firmada. Caxias confiou a Osorio a delicada missão: “o 2º Regimento, reorganizado e adestrado pelo próprio Osorio, deveria escoltar o imperador através da campanha, desde a Vila de Cachoeira até São Gabriel, na ida e na volta”. Dom Pedro ficou impressionado com o garbo dos cavalarianos disciplinados e impecáveis no cumprimento da missão.

Participou da campanha contra Oribe em 1851, como tenente-coronel e contra Rosas em 1852. Na batalha de Monte Caseros, ocorrida nos subúrbios de Buenos Aires, à frente do 2º Regimento de Cavalaria, na vanguarda das tropas brasileiras, infligiu ao inimigo o rompimento do seu dispositivo de defesa e comandou decisivas operações de aproveitamento do êxito e perseguição, sendo promovido a coronel em 3 de maio de 1852.

No início de 1855, após breve instalação na guarnição de Jaguarão, Osorio foi nomeado para comandar a fronteira de São Borja. Promovido a brigadeiro-graduado no ano seguinte, logo depois foi incumbido de organizar uma expedição para descobrir ricos ervais, entre os rios Pindaí e Sebolati, no Alto-Uruguai. Com o sucesso na missão, veio a receber, mais tarde, o título nobiliárquico de Marquês do Herval.

A invasão do Mato Grosso e da Mesopotâmia argentina, sem declaração de guerra ou estado de beligerância, levaram a instituição do Tratado da Tríplice Aliança contra o governo de Solano Lopez, em 1º de maio de 1865.

Nesta mesma data, Osorio assumiu o comando e organizou o 1º Corpo do Exército Brasileiro (Exército do Uruguai), cujo quartel-general foi instalado em Paissandu, com a missão de prepará-lo para enfrentar o conflito provocado pelo ditador guarani. Iniciou o trabalho, criando hospitais, preparando acampamentos, organizando unidades, preparando materiais de transporte, armamentos e munições. Utilizou o que existia ou podia serobtido em Montevidéu e em Buenos Aires.

A tropa foi constituída e ao mesmo tempo sem perda de nenhum instante, foi se instruindo e avançando. Bom conhecedor dos homens, não hesitou em utilizar os mais capazes, sem se deixar embaraçar por considerações subalternas de rotina. Repeliu energicamente os inadequados às suas funções e os menos atentos a seus deveres. Cuidou do material e do moral, exigiu uma disciplina de trabalho consciente, ativa, dedicada e entusiástica.

À Cavalaria, deu-lhes cuidados sem dúvida, mas confiou nos seus homens e nos seus chefes, porque bem os conhecia. Sabia que, formada de gente aguerrida da campanha gaúcha, quase só precisava de meios de ação e de combate.

A Infantaria, porém, constituiu-se de gente do centro e do norte do país, quase toda de recrutas, que jamais manejaram uma arma, organizada em corpos de voluntários improvisados desde os soldados até os chefes, mereceu-lhe atenção especial. Ele teve sob suas ordens um brigadeiro que foi um grande infante – Antônio Sampaio. Aproveitou-o e designou-o com inspetor chefe dessa arma, seu grande instrutor. Deu-lhe toda autoridade e plena responsabilidade para fazer a sua infantaria.

O Exército não tinha engenharia. Osorio aproveitou os oficiais que chegaram e formou companhias de sapadores e pontoneiros. Organizou também um serviço de transportes sob a direção única de um veterano da Campanha, o capitão Machado.

Com os praças que possuía e com os que recebeu, servindo-se da competência de Mallet, seu amigo de luta de longa data, desde os tempos farroupilhas, formou novas baterias e as constitui em um corpo que, em vez das 12 peças do início da campanha do Uruguai, passou a ter 24.

A sua maior dificuldade, entretanto, era contra os erros do governo. Mandou-lhe oficiais sem nenhuma capacidade com seus lugares previamente designados. Osorio não respeitou os arranjos dos apaniguados.

Em 24 de julho de 1865, o exército estava pronto. Em uma revista da tropa encontravam-se em forma 17.000 soldados, com 32 peças de artilharia, bem equipados e uniformizados e já capazes de combater. Isto mostrava o resultado das atividades de Osorio em apenas cinco meses.

Em 8 de julho de 1865, foi promovido a marechal-de-campo, ato de justiça que alegrou e confortou todos os seus subordinados. No dia 18 de setembro, na presença de D. Pedro II, do Conde d’Eu e de vários oficiais generais, entre eles Caxias, Osorio assistiu à capitulação paraguaia em Uruguaiana.

No início de 1866, Osorio estudou com Tamandaré a maneira de transpor o rio Paraná. Na noite do dia 16 de abril, a tropa brasileira realizou a travessia no local conhecido como Passo da Pátria. Em sua ordem do dia, em 15 de abril, declarou: “É fácil a missão de comandar homens livres: basta mostrar-lhes o caminho do dever”.

Prosseguindo em solo guarani, Osorio enfrentou ou vivenciou a seguinte sequência de combates e eventos importantes: 2 de maio – combate de Estero Bellaco; 24 de maio – batalha de Tuiuti; 15 de julho – transmitiu o comando da força brasileira ao general Polidoro da Fonseca; 1º de junho de 1867 – foi promovido a tenente-general, penúltimo posto da hierarquia militar; 22 de julho – retomou a vanguarda aliada, agora sob o comando de Caxias; 25 de julho – ocupou Fortaleza de Humaitá e instalou o quartelgeneral do 3º Corpo de Exército e sua base de operações; 11 de dezembro – foi ferido no rosto durante a batalha do Avaí, fraturando o maxilar, ao tomar a posição de artilharia inimiga; 6 de junho de 1868 – assumiu o comando do 1º Corpo de Exército, estacionado em Piraju, para iniciar à Campanha das Cordilheiras, sob o comando do Conde d’Eu e em 12 de agosto – à frente de sua tropa, assaltou e capturou a praça de Peribebuí, defendida por 1.500 guaranis e 15 bocas de fogo, sendo o primeiro a entrar na praça forte.

No dia 24 de novembro, Osorio deixou em definitivo a campanha, forçado pela piora de sua saúde. No retorno, na passagem por Montevidéu, recebeu a dolorosa notícia do passamento de sua esposa.

Em 5 de agosto de 1871, Manuel Deodoro da Fonseca, um dos que constantemente estiveram ao seu lado nos campos de batalha, entregou-lhe, solenemente, em Porto Alegre, custosa espada de honra, toda cinzelada em ouro e ornada de brilhantes. Em sua lâmina de fino aço, estavam gravadas as batalhas e combates em que heroicamente se empenhara. Era uma obra-prima de ourivesaria, feita no Rio de Janeiro, custeada pelos oficiais que ele comandara na guerra.

A 11 de janeiro de 1877, Osorio foi escolhido pela princesa Isabel para senador do Império, pela província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Em seu discurso de posse no senado declarou: “A farda não abafa o cidadão no peito do soldado”. Por decreto de 2 de junho do mesmo ano, foi-lhe outorgada a patente de marechal de campo exército graduado.

A despeito do reconhecimento que lhe fora dispensado, até mesmo pelos inimigos de então, e da popularidade que o transformara em mito nos campos de batalha, Osorio expirou em 4 de outubro de 1879, com a mesma simplicidade que o acompanhara durante toda a vida. Perdia o Brasil, naquele momento, um soldado de trajetória cívico-militar exemplar. Extinguia-se uma das mais valiosas existências, símbolo de um povo, síntese de uma época.

Hoje, o Parque Histórico Osorio, situado na mesma terra que o viu nascer, acolhe os restos do insigne patrono da Arma de Cavalaria.

Em 13 de março de 1962, o Exército Brasileiro reconheceu seu valor e heroísmo e o entronizou, por meio do Decreto nº 51.429, patrono da Arma de Cavalaria.

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